Nas sessões de abertura e encerramento, com uma passagem pelo Teatro Narciso Ferreira, três filmes-concerto (ao vivo), com a noite de abertura como resposta a uma encomenda da Casa das Artes, um cruzamento reiterado entre a música e as imagens em movimento.
Melodia do Mundo, estruturado como uma sinfonia, é uma impressão do estado do mundo no final dos anos 20, com contrastes e justaposições de imagens documentais. Uma série de actividades humanas representativas de diferentes culturas, com ocasionais cenas encenadas com actores, onde se exibem semelhanças e diferenças no quotidiano do trabalho, religião, costumes, arte e entretenimento. O filme será exibido em cópia digital restaurada com banda sonora executada ao vivo e em estreia pelos Glockenwise.
Nuno Rodrigues, Rafael Ferreira e Rui Fiúsa são os Glockenwise, um dos projectos mais interessantes da música portuguesa. Com um rock despretensioso, estreiam-se com o disco “Building Waves” (2011) e tornam as ideias mais densas em “Leeches” (2011) e “Heats” (2015). Mas a maturidade chegou, a urgência punk abrandou e, em 2018, surgem uns Glockenwise diferentes. Resultado dessa transformação, a língua portuguesa passa a assumir o protagonismo na banda e editam “Plástico” (Valentim de Carvalho), no qual há espaço para qualquer assunto nas suas canções, desde os gestos mais prosaicos do quotidiano até aos temas mais profundos.
Um dos maiores acontecimentos cinematográficos da História. Foi com O Gabinete do Dr. Caligari que o expressionismo alemão nasceu. O filme decorre no manicómio do Dr. Caligari que com os seus poderes hipnóticos comanda os seus doentes a seu bel-prazer. Um retrato desvirtuado e delirante que pretende refletir sobre uma Alemanha destroçada pela primeira Grande Guerra. Os seus cenários deformados, são um marco na história do cinema e pretenderam reflectir o olhar louco de Caligari sobre o mundo real.
A música de Haarvöl (desde 2012) é conceptualmente desenvolvida na exploração das propriedades dos sons, a fim de alcançar ambientes cinemáticos e de imagem. Os sons não estão restritos às suas origens mediais: tanto fontes digitais quanto analógicas são usadas e misturadas em composições complexas com atenção especial aos detalhes.
Embora venham de diferentes latitudes e tenham experiências distintas, Frankie Chavez e Peixe estão unidos pelo seu trabalho com a Guitarra. Juntos já gravaram dois discos, o último, Miramar II, foi editado em Janeiro deste ano.
Ao vivo apresentam-se com imagens manipuladas em tempo real - Memorabilia - uma selecção de filmes de arquivo em 8mm, feita pelo realizador Jorge Quintela, destacando-se este “concerto-filme” na mútua inspiração a que ambos os universos (música - imagem) se proporcionam e que o público facilmente absorve.
Peixe começou a dar nas vistas há mais de vinte anos, ao assinar o som musculado e inconfundível dos míticos Ornatos Violeta, mas isso foi só o princípio de uma longa e rica viagem. Seguiram-se os Pluto, as experiências delirantes dos Zelig, as mais do que muitas colaborações e o resultado de todo o estudo e exploração das possibilidades do seu instrumento de eleição em dois grandes discos a solo – “Apneia” e “Motor”.
Frankie Chavez tem-se afirmado, desde que se estreou em 2010, como um dos mais estimulantes músicos da sua geração. Inspirado pelo Folk, pelos Blues e pelo mais clássico Rock tem levado – quer sozinho, quer acompanhado – a sua música cada vez mais longe, tudo muito à custa da relação singular que desenvolveu com aquilo que foi sempre o princípio de tudo: a Guitarra. A sua música é uma estrada que se percorre de forma contemplativa e que ora serpenteia até ao cume da mais alta montanha, ora se deixa ir planante, pelo calor preguiçoso do deserto, mas sempre a levar mais longe o som daquelas cordas que ressoam em diferentes caixas, com ou sem electricidade, e sempre como se os dois aqui fossem apenas um.